*Artigo de Bruna Medeiros
O avanço das telecomunicações no Brasil tem colocado o setor de rastreamento e gerenciamento de riscos em um momento crucial. Com mudanças normativas importantes e o início da transição para redes mais modernas, como o 4G e 5G, é essencial que as empresas compreendam os impactos e se preparem para esse novo cenário.
Na GRISTEC – Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e Tecnologias de Rastreamento e Monitoramento, estamos comprometidos em oferecer informações claras, participar de discussões estratégicas e representar os interesses do setor junto às autoridades competentes, como a Anatel.
Mudanças Normativas em Destaque
Recentemente, dois marcos regulatórios ganharam relevância no contexto da transição tecnológica:
- Ato nº 14.430/2024: A partir de 6 de abril de 2025, não será mais permitida a certificação de módulos ou produtos compatíveis exclusivamente com tecnologias 3G ou inferiores. Contudo, o Art. 3º deste Ato assegura que equipamentos homologados antes dessa data poderão manter suas certificações e continuar operando normalmente.
- Resolução nº 757/2022: Este marco é visto como um ponto de referência para o fim das operações de redes 2G e 3G no Brasil. A partir de 29 de novembro de 2028, as faixas de frequência dessas redes não estarão mais disponíveis, de acordo com o regulamento de codificações de radiofrequências.
Discussões Estratégicas com a Anatel
Em uma audiência recente com o presidente da Anatel, Carlos Manuel Baigorri, tivemos a oportunidade de esclarecer pontos cruciais sobre essas mudanças. Baigorri reforçou que, embora as homologações para novos dispositivos 2G sejam descontinuadas em 2025, os equipamentos já certificados continuarão funcionando. Ele também destacou que o desligamento das redes será orientado pelas operadoras, com foco em garantir que os consumidores não sejam prejudicados.
Essa afirmação trouxe um importante alívio para o mercado, mas não elimina a necessidade de planejamento e modernização gradual das tecnologias.
Contribuições da GRISTEC
Ao longo dos últimos anos, a GRISTEC tem atuado ativamente em temas relacionados à transição tecnológica, incluindo:
- Tomada de Subsídios nº 23/2023:
- Propusemos um mapeamento nacional para garantir cobertura durante a transição.
- Sugerimos políticas de incentivo, como subsídios e isenções fiscais, para facilitar a adaptação do setor.
- Defendemos a manutenção das redes 2G e 3G enquanto a transição não for completamente viável.
- Consulta Pública nº 36/2024:
- Recomendamos que a homologação de módulos 3G para reposição também contemplasse dispositivos de telemetria e gerenciamento de riscos, ampliando o suporte ao setor de rastreamento e monitoramento de frotas.
- Reuniões com Operadoras e Reguladores:
- Em encontros com a Conexis e operadoras como Vivo, Claro, Oi e Algar, recebemos a garantia de que as redes 3G permanecerão ativas por um período mais longo, atendendo à demanda existente no Brasil.
Impactos no Setor de Rastreamento
Apesar das garantias de continuidade, a transição para redes 4G e 5G traz desafios significativos:
- Financeiros: Altos custos de substituição de equipamentos e necessidade de pausas operacionais para instalação de novas tecnologias.
- Operacionais: A escassez global de semicondutores pode dificultar a aquisição de dispositivos modernos.
- Prazos: Estudos indicam que uma transição completa no Brasil pode levar de 5 a 7 anos.
Além disso, é importante lembrar que o roubo de cargas no Brasil é uma preocupação central. Em 2023, os prejuízos somaram R$ 1,2 bilhão, segundo a NTC&Logística. Garantir a continuidade das redes 2G e 3G durante a transição é essencial para mitigar riscos e manter dispositivos de rastreamento operacionais.
Próximos Passos
Na GRISTEC, acreditamos que essa transição deve ser conduzida com responsabilidade e planejamento, envolvendo todos os atores do setor – operadoras, empresas de transporte, seguradoras e órgãos reguladores. Defendemos que o processo seja tratado como uma política pública, com prazos exequíveis e financiamento adequado para a modernização do parque tecnológico.
Estamos acompanhando de perto cada etapa dessa transição e nos colocamos à disposição para esclarecer dúvidas, compartilhar informações e representar os interesses do setor.
Sobre Bruna Medeiros, Presidente da GRISTEC: Desde 2008 na Trans Sat Gerenciamento de Risco, em São José do Rio Preto, empresa criada por sua mãe, Rosângela Medeiros, em 2000.
No decorrer dos anos, Bruna passou por todas as áreas da empresa, o que trouxe muito conhecimento sobre as necessidades do mercado brasileiro de transporte de cargas e logística e, principalmente, sobre gerenciamento de riscos e seus desafios.
Assim, com o desejo de tornar o segmento mais forte e contribuir com a organização do setor para um mercado mais equilibrado e justo, Bruna passou a parte da GRISTEC, como Diretora de Gerenciamento de Riscos.
Em 2021, foi eleita presidente da entidade, reafirmando o compromisso com a melhoria contínua do setor como um todo, sempre com foco em contribuir para o desenvolvimento e segurança de nosso país.
Sobre a GRISTEC: A GRISTEC, Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento, é uma entidade patronal, fundada em 2005. Reúne empresas do setor de gerenciamento de riscos, rastreamento e telemetria, em todo o Brasil.