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Com 51 caminhões desviados, prejuízo estimado em até R$ 200 milhões e frota parada, empresário é acusado de aplicar um dos maiores golpes do transporte rodoviário no Brasil

Investigado pela polícia, o empresário dono da Mojitrucks é acusado de retirar 51 caminhões de uma concessionária, revendê-los sem documentação, paralisar frotas, arruinar o caixa de lojistas e motoristas e espalhar um golpe milionário no interior de São Paulo e em outros Estados em um dos maiores mercados de transporte.

empresário André Hengles de Oliveira Silva, apontado como dono da Mojitrucks, é acusado de aplicar o que vítimas e policiais descrevem como um dos maiores golpes recentes do transporte rodoviário brasileiro. Em torno de 51 caminhões desviados, prejuízos estimados em até R$ 200 milhões, frotas paradas e dezenas de compradores impedidos de rodar resumem o rastro de danos deixado pelas operações investigadas.

Por trás dos números estão histórias de caminhoneiros, lojistas e donos de transportadoras que confiaram em negócios fechados no chamado fio do bigode, prática comum na compra e venda de caminhões usados. Agora, muitos deles exibem pátios cheios de veículos avaliados em centenas de milhares de reais, mas com queixa de furto registradadocumentos bloqueados e a perspectiva real de ficar sem o bem e sem o dinheiro.

De caminhoneiro a empresário cercado por luxo e influência

Durante anos, o setor de caminhões usados enxergou em André Hengles um empresário em ascensão, que começou como vendedor em concessionária e depois abriu a própria estrutura de revenda, a Mojitrucks.

Em pouco tempo, a empresa ampliou presença, abriu mais lojas em São Paulo, investiu em publicidade agressiva e chegou a patrocinar corridas de caminhão, o que ajudou a reforçar a imagem de solidez e poder financeiro.

Relatos de ex-funcionários e de clientes mostram que ele se aproximou de empresários milionários, oferecia acesso a caminhões de alto valor e exibiu um padrão de vida compatível com essa narrativa:

casamento luxuoso, mudança para condomínio de alto padrão em Mogi das Cruzes e postura de anfitrião de negócios, com direito a helicóptero e jatinho à disposição de convidados em eventos do setor. Esse cenário reforçou a confiança de quem hoje se vê como vítima.

O fio do bigode que virou rombo de R$ 2,3 milhões

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Em Sumaré, no interior de São Paulo, o lojista Gilberto Galdino ilustra o impacto da operação.

Ex-motorista de caminhão, ele construiu patrimônio ao longo de décadas, montou uma loja de compra e venda de usados e, recentemente, realizou o sonho de comprar um sítio com milhares de pés de café.

O lucro da primeira safra foi reinvestido no negócio: seis caminhões seminovos, pagos à vista, somando R$ 2,3 milhões.

A operação foi feita com base na confiança no intermediário com quem ele negociava há mais de 20 anos e que havia passado a atuar dentro da estrutura da Mojitrucks.

Sem exigir a transferência imediata dos documentos, prática comum em relações de longa data no segmento, Gilberto entregou todo o capital.

Hoje, tem caminhões no pátio avaliados em cerca de R$ 450 mil cada, mas sem documentos, com restrição policial e sem qualquer garantia de regularização.

Como o esquema com 51 caminhões foi montado

De acordo com boletim de ocorrência e relatos reunidos pela polícia, o núcleo do golpe teria começado na relação entre a Mojitrucks e uma grande concessionária de caminhões em São Paulo.

Sem espaço em seu próprio pátio, a concessionária autorizou que parte dos veículos ficasse armazenada em área controlada pela empresa do empresário investigado.Play Video

A partir daí, segundo as suspeitas, dezenas de caminhões foram retirados e revendidos pela Mojitrucks a lojistas e transportadoras em diferentes cidades, sem que houvesse a devida transferência de propriedade.

A concessionária afirma que nunca recebeu o valor dessas unidades e registrou oficialmente o desaparecimento de 51 caminhões de seu estoque.

Os veículos foram parar nas mãos de terceiros, que pagaram integralmente e hoje descobrem que o bem consta como furtado.

Frotas paradas, contratos cumpridos e prejuízo em cadeia

Um dos casos emblemáticos é o do dono de transportadora Vladimir, em Mogi das Cruzes.

Ele adquiriu três caminhões de grande porte, confiando na reputação do empresário e no histórico de negócios anteriores.

Apenas um veículo tinha documentação regular. Os outros dois, também vinculados ao lote retirado da concessionária, constam com registro de furto e não podem sair do pátio.

Vladimir calcula ter desembolsado R$ 650 mil pelos dois caminhões que estão parados há meses, além do faturamento perdido, que ele estima em cerca de R$ 250 mil por mês, sem contar os motoristas que ficaram sem trabalho.

Situações semelhantes se repetem em outras empresas: caminhões imobilizados, contratos rompidos, rotas canceladas e financiamentos que continuam sendo cobrados, mesmo com o ativo impedido de rodar.

Suspeitas internas, investigação policial e rastro de fraudes

Diante da dimensão do caso, a própria concessionária que teve os 51 caminhões desviados abriu investigação interna e comunicou a polícia.

Um diretor comercial da empresa, o mesmo que assinou o boletim de ocorrência, foi afastado do cargo enquanto as apurações seguem em andamento.

A polícia ainda investiga se houve participação de funcionários na saída irregular dos veículos.

O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) já recebeu ao menos 18 denúncias formais relacionadas ao esquema.

Os inquéritos procuram mapear quem permitiu a saída dos caminhões, em que condições os negócios foram firmados com a Mojitrucks e quais bens ainda podem ser rastreados para eventual bloqueio judicial.

Especialistas ouvidos pelas vítimas alertam que parte dos prejuízos pode ser irrecuperável, especialmente onde os veículos já foram revendidos novamente ou descaracterizados.

Empresário some, vítimas se organizam e falam em “roubo”

Após o casamento e a mudança para o condomínio de luxo, a última movimentação conhecida do empresário foi uma viagem de lua de mel para o exterior.

Desde então, clientes, advogados e jornalistas relatam dificuldade em localizá-lo. A Mojitrucks encolheu operações, e os canais oficiais não respondem às cobranças.

Enquanto isso, lojistas como Gilberto e transportadores como Vladimir se mobilizam para tentar reaver os caminhões ou ao menos impedir novas negociações com os veículos envolvidos.

Nas entrevistas, eles classificam o episódio como um “roubo” contra trabalhadores que levaram décadas para construir patrimônio.

A percepção entre as vítimas é de que o caso expõe uma brecha grave de controle em estoques de concessionárias, no registro de propriedade e na fiscalização de grandes operações com veículos pesados.

Debate sobre confiança, regulação e proteção ao pequeno transportador

O caso levanta um debate incômodo em um segmento tradicionalmente guiado por relações pessoais e negociações rápidas.

modelo baseado na confiança, no “fio do bigode” e na negociação direta com o empresário que se apresenta como intermediário confiável revelou, neste episódio, sua face mais vulnerável.

Em um mercado em que um único caminhão pode significar a casa de uma família ou o capital inteiro de uma pequena empresa, a ausência de travas adicionais se mostra devastadora.

Especialistas em transporte e segurança patrimonial defendem a digitalização completa das etapas de compra, venda e transferência de caminhões, com bloqueios automáticos para veículos que saem de estoques sem faturamento registrado, além de mecanismos mais rápidos para comunicar suspeitas entre Detrans, concessionárias, bancos e seguradoras.

Para as vítimas, porém, a discussão chega tarde: a prioridade agora é tentar salvar o que resta das empresas e evitar que novos casos de mesma natureza se repitam no setor.

Fonte: https://clickpetroleoegas.com.br/com-51-caminhoes-desviados-prejuizo-estimado-em-ate-r-200-milhoes-e-frota-parada-empresario-e-acusado-de-aplicar-um-dos-maiores-golpes-do-transporte-rodoviario-no-brasil-btl96/

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