Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento

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Entenda como a tecnologia e a inteligência artificial estão revolucionando o setor de transporte de cargas

A convergência da Inteligência Artificial (IA) com o setor de caminhões está gerando inúmeras oportunidades e desafios, que estão moldando o futuro da logística e do transporte rodoviário. A automação e a IA não são conceitos novos no transporte, mas a sua aplicação está alcançando níveis sem precedentes. À medida que as empresas buscam aumentar a eficiência, a segurança e a sustentabilidade de suas operações, a IA tornou-se um aliado crucial nesse processo.

Segundo Marcelo Gallao, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Scania Operações Comerciais Brasil, atualmente utilizamos dados de roteirização, posição geográfica e telemetria para otimizar a performance do caminhão ou ônibus. O cruzamento de uma série de dados, como por exemplo a forma de condução do veículo com as informações de sensores no motor, transmissão e freios calculam os intervalos de manutenção do veículo. Os mesmos dados são utilizados para avaliar se está havendo uma condução segura e eficiente em relação à economia de combustível e emissões.?

Uma gestão de frota avalia esses dados para avaliação e remuneração de motoristas. Dados de topografia do terreno aliados à carga do caminhão são utilizados para uma troca eficiente de marchas. Locais com maior incidência de acidentes podem ser zoneados por georreferencia e a velocidade do caminhão é automaticamente reduzida. 

“Atualmente, caminhões autônomos são utilizados somente em ambientes confinados, principalmente, em áreas com risco de segurança em mineração. Uma legislação e infraestrutura de rede estável são necessárias para que haja automação em vias públicas. Quando investimentos para tais condições forem realizados, prevemos uma redução de custos logísticos e aumento de segurança no trânsito”, diz Marcelo Gallao. O executivo da Scania continua: “acreditamos que os veículos autônomos desempenharão um papel cada vez mais importante na melhoria da produtividade e sustentabilidade das operações industriais pesadas. Mas, ainda será necessário uma legislação como mencionei para a atuação em vias públicas. Em operações confinadas esta realidade já existe em vários países. Em outros países, há diversas demonstrações. E, assim, seguirá nos próximos anos.

De qualquer forma, a intervenção humana continua sendo necessária não no produto em si (apenas quando é necessário por alguma falha), porém em todo o processo de controle do caminhão. É uma transição neste sentido realmente gradual e fará parte do dia a dia do transporte. Em 2019, a Scania apresentou o AXL, um caminhão conceito totalmente autônomo sem cabine, projetado para ambientes difíceis, como minas e grandes canteiros de obras. Este veículo robusto e autônomo funciona com biocombustíveis renováveis e é dirigido e monitorado por um ambiente de controle inteligente. O AXL já se encontra em testes em locais confinados em todo o mundo.

Localmente as soluções autônomas, como o caminhão de transbordo para cana, apresentado na Agrishow 2022, que ainda precisa da intervenção do motorista, podem ser implementadas com foco na necessidade do cliente, respeitando os critérios de segurança e eficiência.” Marcelo Gallao explica que a digitalização chegou para ficar sem dúvida, depois da pandemia. “Estamos negociando via conferências pelas plataformas digitais, vendo nossos clientes em outros estados por câmeras. Algo que não era parte do dia a dia, apenas o telefone há anos atrás. Esta parte da tecnologia tem ajudado a agilizar alguns processos, porém o olho no olho continua sendo parte do a dia a dia. A Scania é fortíssima no relacionamento com o cliente e não abre mão dessa característica que está em nosso DNA. Mas, realmente, as vendas virtuais chegaram pra ficar.

A captação de leads pelos canais digitais sendo passados para a rede de concessionárias já faz parte do dia a dia e sendo feitas vendas desta forma. Hoje, o todo o processo comercial passa por um processo de gestão: olhar um passo antes e uso da IA para captação de oportunidades. A digitalização ajuda a diminuir desperdício de tempo para concentrar na venda pura do time, no atendimento ao cliente em qualquer formato. A área comercial tem ficado cada vez mais dinâmica: a IA e o Market Place vêm agregando e não tirando a importância da participação do consultor de vendas. E, a tendência é que a Inteligência Artificial seja cada vez mais usada no dia a dia da área comercial.” 

Alex Barucco, gerente de Portfólio de Serviços e Conectividade da Scania Operações Comerciais Brasil, diz que desde o lançamento da conectividade da Scania, no Brasil, em 2017, a empresa já utilizou a IA para melhorar os serviços contratados pelos clientes.“Por exemplo, utilizamos IA para realizar uma avaliação de motoristas na forma de conduzir os veículos de maneira justa, levando em consideração vários fatores operacionais para primeiro identificar a operação, comparar com outros motoristas na mesma aplicação e verificar se existe ou não potencial de melhoria na condução.Ele continua: “Dessa forma, poderemos depois apresentar ao motorista a dica do que ele precisa fazer para corrigir sua condução e alcançar maior eficiência nos veículos Scania.

Nos parâmetros avaliados, temos quatro itens voltados para uma condução mais eficiente (marcha lenta, condução em trecho de serra, aproveitamento da inércia e utilização do Scania Actcruise – sistema inteligente de controle de cruzeiro (ou piloto automático) – que leva em consideração a topografia do terreno para melhor aproveitamento do trem de força), como também dois parâmetros que visam uma condução mais segura (excesso de velocidade e antecipação)”, diz Alex Barucco. “A Scania já vem comercializando em alguns mercados europeus a solução Procare, que contempla a gestão de manutenções preditivas dos veículos. Ou seja, com base em análise de dados de operação de cada caminhão e tomando em consideração também uma base estatística de milhares de veículos pelo mundo, ao longo dos últimos anos, nossa tecnologia determina exatamente qual o momento para substituir determinado componente antes que ocorra uma quebra.

Dessa forma, evitamos danos ainda maiores por consequência em outros componentes do trem de força dos veículos. Além de evitar também uma parada não planejada do veículo. Juntamente com os já conhecidos planos flexíveis, a Scania está na dianteira com as soluções que proporcionam a maior disponibilidade aos veículos de nossos clientes”, explica Alex Barucco. A Scania é pioneira em oferecer no mercado uma solução completa ao cliente, com produto, serviço e alternativa financeira (Scania Banco, Consórcio Scania ou Scania Corretora de Seguros). “Fomos os primeiros a falar em solução completa e já deixamos há muito tempo de vender caminhão ou ônibus isoladamente. Nossos consultores de vendas e de serviços oferecem a solução ideal ao cliente, exatamente o que ele precisa.

É uma mudança de mentalidade em que toda a Scania está comprometida. Reforçando, mais um pioneirismo da marca. Basicamente, significa mudar o foco do que um dia foi entregar o melhor caminhão, ou melhor ônibus e os melhores serviços de Pós-Vendas ou financeiros de forma separada para que o cliente encontre por si só a sua melhor combinação entre as tantas disponíveis. Na solução completa de transporte, a concepção, combinação, venda e entrega de todos estes elementos (hardware e software) acontecem simultaneamente. Ou seja, aproveitando as oportunidades e sinergias entre os negócios e priorizando sempre o valor para nossos clientes.”Alex Barucco  continua sua explicação “para isso, realizamos constantemente uma jornada de “fora” para “dentro”, entendendo com profundidade a operação, o negócio, as “dores” e oportunidades dos nossos clientes, para que esta oferta integrada, realize de fato a máxima rentabilidade e a maior satisfação para o transportador.

A oferta comercial é construída meticulosamente e apoiada por sistemas e análises de dados provenientes da conectividade, das nossas oficinas digitais e sistemas comerciais como o TMA. Para exemplificar o conceito, significa dizer que um caminhão, hoje em dia, é especificado de forma a maximizar a sua eficiência de transporte (carga e consumo de combustível), mas também considera uma configuração de hardware (equipamentos) e software (serviços de manutenção, treinamento de motoristas, conectividade e financiamento) em que o custo de manutenção e a disponibilidade para operar são otimizados. O foco é obter um diferencial ainda maior em nosso posicionamento de mercado como marca mais rentável para seus clientes.

No passado, o vendedor da concessionária saía com a sua tradicional “pastinha” levando fichas técnicas, tabelas de preços e catálogos, para mostrar ao cliente qual veículo poderia comprar. O serviço de manutenção era oferecido por outro profissional. Opções de financiamento, muitas vezes por um terceiro vendedor. Ao longo dos últimos anos, o vendedor da rede Scania teve que se reinventar. Após a chegada da Nova Geração de caminhões e do sistema TMA, virou um consultor de soluções que senta para levantar dados, analisar e recomendar a melhor solução de transporte (veículos e serviços) para cada cliente. Avalia qual o tipo de aplicação, topografia, distância, peso, carga e também as modalidades do Scania PRO, os pacotes de conectividade, o treinamento dos motoristas e também as opções financeiras mais compatíveis com cada cliente e o momento econômico. Solução completa numa única parada. O comprador leva para casa uma oferta integrada, personalizada, exatamente o que ele precisa, nada a mais, nada a menos”.

Outra montadora que está integrando a Inteligência Artificial nos caminhões é a Mercedes-Benz. “Nós já temos o MB Uptime, que antevê eventuais problemas para o caminhão. Com isso, ele avisa o motorista para procurar um concessionário antes que aconteça uma falha ou parada indesejada”, explica Jefferson Ferrarez, diretor de Vendas e Marketing de Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil.  “Com as informações que extraímos dos veículos, conseguimos trazer soluções para nossos clientes. Como, por exemplo, o Eco Suporte, que dá uma nota em tempo real para o motorista saber como está sendo a sua condução. Isso é possível por meio dos algoritmos que desenvolvemos para avaliação do motorista, buscando sempre uma ótima condução”, diz. Em relação aos caminhões autônomos, o diretor de Vendas e Marketing de Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil salienta que eles podem trazer benefícios para clientes que operam em aplicações onde há risco para o motorista, como em áreas de barragem, por exemplo. Além disso, os caminhões autônomos podem operar também em áreas controladas nas aplicações repetitivas demais para os motoristas. Quando questionado sobre como a montadora está lidando com a transição gradual entre caminhões com motoristas humanos e caminhões autônomos, Jefferson Ferrarez explicou que isso ainda vai levar certo tempo. “A nosso ver, os caminhões autônomos vêm para aliviar uma operação, mas a presença de motoristas vai continuar por um bom tempo.” Outro ponto alto de serviços de última geração da Mercedes-Benz é o Fleetboard para seus clientes e, atualmente, atentos às novas demandas dos clientes, está ampliando seus planos de manutenção. 

Quanto às parcerias que a montadora vem realizando, um exemplo é com a Mauá e diversas universidades. “Recentemente também, iniciamos parceria com startups, como a Lume Robotics, em que estamos desenvolvendo caminhões autônomos”, diz. Na opinião do executivo, os transportadores estão percebendo cada vez mais o valor das informações e de uma gestão mais profissional em um mercado cada vez mais competitivo. Uma gestão mais profissional reflete em controle melhor dos ativos, treinamento mais direcionado e economia dos recursos. Quando o assunto é desafio em relação a veículos movidos a energias alternativas, foram lembrados os custos de energias alternativas que são bem elevados. “Além disso, existe também a confiabilidade e disponibilidade do veículo com essas tecnologias, ou seja, elas precisam ser testadas e provadas no longo prazo”, comenta Jefferson Ferrarez.

Ele continua: “a tendência atual e futura é atender à demanda por veículos cada vez menos poluentes e que sejam tão eficientes ou até mais que os atuais nessa busca pela redução de custos operacionais, sempre com foco em atender a demanda dos clientes por veículos eco-friendly. Mas precisamos ter em mente que isso precisa estar dentro daquilo que faz sentido na nossa realidade e também em nosso país.” 

Desafios

Na opinião de Marcelo Gallao , “o veículo elétrico é o caminho do futuro, porém, no momento, para o Brasil é o gás, especialmente pelo potencial que o país tem de produção. Ele é o que mais se aproxima do bolso do transportador. Estamos neste caminho e levando nossos clientes conosco nesta jornada.

Infelizmente, são inúmeros desafios até chegar à realidade do elétrico em questões como investimento inicial, geração e distribuição da rede elétrica preparada para alta demanda (frota), geração da energia elétrica (fontes limpas) e descarte ou reciclagem e capacidade de vida útil das baterias. O que estamos acompanhando também é o desenvolvimento da cadeia de produção e fornecimento do biometano.

O potencial do país de aproveitar restos de alimentos e de produção agrícola, vinhaça da cana, de dejetos de animais e de lodo sanitário é imenso. E tudo isso vira biometano, que é o biogás purificado. Estamos construindo uma parceria muito robusta com os grandes produtores e grandes distribuidores fazendo e desenvolvendo os chamados ‘corredores azuis’, com os postos tendo o combustível para os caminhões, e ônibus. Vale reforçar que é preciso um desenvolvimento para que os postos tenham o bico de alta vazão para agilizar o abastecimento e que ele seja na mesma velocidade do veículo a diesel. Hoje, pegando a costa brasileira nas principais capitais nós já ligamos o Rio Grande do Sul ao Espírito Santo, com os postos na rota. Ainda há uma área de sombra, que está em desenvolvimento, entre o Espírito Santo e Bahia. Mas, da Bahia até o Rio Grande do Norte também já está coberto. A mais recente região que estamos trabalhando é a Centro-Oeste. Em fevereiro de 2023, entregamos o primeiro caminhão a gás para a Casa Scania Rota Oeste fazer demonstrações no Estado.

O primeiro cliente, Transportadora Fribon, de Rondonópolis (MT) e que atua no Agro, o colocou em sua operação real. Desde então, vem crescendo cada vez mais o interesse dos transportadores e grandes embarcadores. Ou seja, esta procura nos garante uma expectativa muito positiva para os próximos anos. Seguimos otimistas nesta jornada que estamos liderando de transição para um sistema de transporte mais sustentável.”

Leia matéria na íntegra clicando aqui.

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