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Recuo de Big Techs no mercado de seguros reforçam importância de atendimento humanizado

A incursão de gigantes da tecnologia como Google e Amazon no setor de seguros nos últimos anos gerou expectativas elevadas e previsões audaciosas. No entanto, essas previsões não se concretizaram totalmente e o desdobramento dessas iniciativas oferece um terreno fértil para reflexões sobre os desafios da interação entre as big techs e os seguros e qual papel elas poderiam desempenhar no futuro do setor.

Google encerrou serviço de comparação de preços de seguros após 1 ano de atividade O caso do Google Compare, um serviço de comparação de preços de seguros, é emblemático. Lançado com grande expectativa, encerrou suas operações após apenas um ano.

Analistas e futurologistas da época propuseram várias teorias: uns alegaram que era uma questão de aprendizado e que o Google retornaria mais forte; outros sugeriram que o mercado não estava pronto ou que a regulação do setor era um obstáculo demasiado grande.  Realidade é mais complexa e multifacetada do que as previsões iniciais sugeriam.

Similarmente, a Amazon também recuou de sua incursão no mercado de seguros residenciais. Inaugurada em outubro de 2022, o objetivo da Amazon Insurance Store era que o cliente pudesse solicitar e revisar cotações, selecionar uma apólice e finalizar a compra diretamente pelo site da Amazon, como qualquer outro produto simples, sem o intermédio de um corretor de seguros.

Os recuos dessas gigantes da tecnologia apontam para uma realidade mais complexa e multifacetada do que as previsões iniciais sugeriam. “O Google descobriu aquilo que os corretores de seguros sempre souberam: quando se trata de seguros, os clientes entendem que é uma transação complexa que requer aconselhamento profissional.” 

Mike Becker, vice-presidente executivo e CEO da Associação Nacional de Corretores Profissionais de Seguros da Virgínia comentou, na época, que: “O Google descobriu aquilo que os corretores de seguros sempre souberam: quando se trata de seguros, os clientes entendem que é uma transação complexa que requer aconselhamento profissional.” Apesar disso, o especialista frisou que os corretores não devem interpretar esse tipo de decisão de uma big tech como uma indicação de que não precisam competir na arena digital. “Os clientes também querem corretores como especialistas capazes de interagir online em relação às suas contas e que sejam apoiados pela eficiência da Internet.”

Algumas big techs subestimam um elemento primordial Um elemento frequentemente subestimado na equação big techs + seguros é o valor inerente ao trabalho dos corretores de seguros. A decisão de adquirir um tipo de apólice ajustada às necessidades específicas daquele cliente passa por detalhes intrinsecamente pessoais e essa escolha é baseada no conhecimento especializado do corretor e na relação de confiança estabelecida entre o cliente e ele. Essas são algumas qualidades que os corretores oferecem que as soluções puramente tecnológicas não conseguem replicar. 

A tecnologia integrativa é muito bem-vinda O fato de o corretor ser indispensável não exclui o uso das tecnologias, sobretudo as que abrem espaço para integrar sua eficiência operacional com as subjetividades intrínsecas ao comportamento humano. Ou seja, o tipo de IA, por exemplo, que oferece oportunidades para automatizar tarefas repetitivas e melhorar a eficácia das operações, liberando os profissionais de seguros para se concentrarem em tarefas de maior valor agregado.

Há oportunidades interessantes provenientes da IA Em bate-papo recente, o vice-presidente executivo e CTO da Nationwide – Jim Fowler –, afirmou que há oportunidades claras provenientes da IA ​​para as empresas encontrarem eficiência no trabalho rotineiro e repetitivo. Segundo ele, em alguma medida e em alguns aspectos, todos precisarão ser tecnólogos no sentido de saber manusear a tecnologia para alcançar o melhor resultado possível. “O subscritor do futuro não precisa apenas saber como subscrever, ele precisa treinar um bot ou um modelo para subscrever”, disse. “Só porque é mais simples, rápido, barato ou tem um nome bacana não significa que seja atraente”. 

O setor de seguros é complexo e altamente personalizado. Nele, os consumidores buscam conselhos especializados ao escolher uma apólice. Embora as big techs tenham muitos recursos e capacidades tecnológicas, a entrada e a saída dessas empresas no ambiente segurador revelam as complexidades e os desafios únicos desse setor. Entrar em um setor altamente especializado como o de seguros requer mais do que apenas a tecnologia: requer conhecimento do setor, uma rede de relacionamentos e a capacidade de navegar em um ambiente regulatório complexo. Assim, por conta desses fatores, o papel dos corretores é insubstituível. Eles oferecem uma compreensão profunda dos produtos, serviço personalizado e conhecimento das regulamentações do setor.

Como declarou Chris Amrhein, colunista da NU P&C,  “Só porque é mais simples, rápido, barato ou tem um nome bacana não significa que seja atraente”.  Big techs vão precisar de abordagem multifacetada e parceria com corretores É possível que as big techs, ao tentarem novamente entrar no mercado de seguros, venham com modelos de negócios mais adaptados e estratégias que abordem melhor as necessidades e expectativas dos consumidores, bem como os desafios regulatórios. No entanto, além disso, as empresas vão precisar utilizar uma abordagem mais multifacetada e talvez uma parceria mais estreita com os corretores de seguros, reconhecendo as especificidades do setor e a natureza diversa das necessidades dos consumidores dos produtos de seguros.

(insurtalks@segbox.com): https://www.insurtalks.com.br/posts/recuo-de-big-techs-no-mercado-de-seguros-reforcam-importancia-de-atendimento-humanizado

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