O setor de rastreamento e gerenciamento de riscos do Brasil vive um momento de transformação profunda. Com a chegada de novas leis, a crescente insegurança e prejuízos bilionários decorrentes de sinistros — roubos de carga, furtos e desvios —, torna-se indispensável que as empresas do setor se unam em torno de padrões éticos, responsabilidade técnica e inovação com propósito.
Estatuto da Segurança Privada: novo marco legal, novas oportunidades
Em 2024, foi sancionada a Lei 14.967/2024, conhecida como o novo Estatuto da Segurança Privada, que moderniza o arcabouço legal para empresas de segurança privada, transporte de valores e monitoramento de bens e numerários. A lei estabelece regras para autorização, fiscalização, capital mínimo, responsabilidade civil e obrigações trabalhistas, além de incluir rastreamento e gerenciamento de riscos como atividades reguladas.
Recentemente, estivemos em Brasília com a delegada Dra. Denise Tenório, chefe da divisão de controle e fiscalização da Polícia Federal, para discutir os impactos do Estatuto em nosso segmento. Também participaram do encontro os delegados Dr. Daniel Marques Cavalcante, Chefe da DPSP/CGCSP/DPA/PF, e Dr. Rodolfo Martins Faleiros Diniz, Chefe da Divisão de Legislação da PF.
Na reunião, ficou confirmado que os segmentos de gerenciamento de risco e rastreamento estão enquadrados na normativa e devem ser, a seu tempo, objeto de controle e fiscalização da Polícia Federal.
Principais pontos discutidos:
- Gerenciadoras de risco estão enquadradas no Estatuto da Segurança Privada;
- Devem seguir as normas para empresas de Serviços de Segurança Privada e Gerenciadoras de Risco de bens, numerários e valores conforme o decreto;
- A Polícia Federal reconhece a central de monitoramento da gerenciadora de risco como parte de sua atividade, portanto devem se orientar pelas regras para gerenciadoras de risco, sem acumular regras de monitoramento e rastreamento;
- Empresas de rastreamento com central de monitoramento também precisarão de homologação da PF, conforme Artigo 19 do decreto;
- A área técnica da PF está atualmente descrevendo as regras de aplicação da Lei;
- A GRISTEC esclareceu pontos sobre os serviços das empresas e enviou materiais para contribuir com a definição das normas;
- Após a publicação do decreto, a GRISTEC solicitará nova audiência para novos esclarecimentos e acompanhará a descrição das portarias.
Números que reforçam a necessidade de ação
- Em 2023, o Brasil registrou cerca de 17 mil ocorrências de roubo de carga, em média duas por hora, com aumento de 4,8% em relação ao ano anterior;
- Os prejuízos atingiram R$ 1,2 bilhão, em 2024, impactando transportadoras, seguradoras e toda a cadeia logística;
- No primeiro trimestre de 2025, as indenizações de seguro transporte somaram R$ 904 milhões, o que representa um aumento de quase 47% em relação ao mesmo período de 2024.
Esses números reforçam a urgência de padronização, fiscalização e profissionalização do setor, garantindo que empresas sérias operem com ética, tecnologia e conformidade legal.
A importância da união do setor
Diante desse cenário, algumas conclusões se impõem:
- Conformidade é indispensável: empresas que operam sem padrões técnicos ou fora da legalidade estão mais sujeitas a sanções e perda de credibilidade, especialmente com o novo Estatuto;
- Padronização e autorregulação reduzem riscos: desde qualidade mínima de rastreadores até protocolos de resposta a sinistros;
- Colaboração é essencial: o diálogo entre empresas, reguladores, seguradoras e órgãos públicos fortalece o setor e protege todo o ecossistema;
- Transparência e ética são diferenciais competitivos: reduzem custo de seguro, aumentando credibilidade e garantindo sustentabilidade a longo prazo.
O papel da GRISTEC
A GRISTEC se posiciona como ponte entre o setor e os órgãos reguladores, promovendo:
- Debates técnicos e regulatórios;
- Capacitação técnica e certificações;
- Apoio à definição e implementação de boas práticas;
- Troca de conhecimento entre associados para fortalecer o mercado e reduzir riscos coletivos.
Mais ética
O novo Estatuto da Segurança Privada representa uma mudança estrutural para o setor. Os prejuízos são reais e elevados; o risco de operar sem conformidade aumentou; e a demanda por rastreamento e gerenciamento de riscos só tende a crescer.
Se quisermos um mercado ético, inovador e sustentável, precisamos trabalhar juntos. A GRISTEC convida todas as empresas do setor a participar desse movimento de união, profissionalização e inovação, construindo um futuro seguro, confiável e próspero para todos.
Sobre Bruna Medeiros, Presidente da GRISTEC: Desde 2008 na Trans Sat Gerenciamento de Risco, em São José do Rio Preto, empresa criada por sua mãe, Rosângela Medeiros, em 2000.
No decorrer dos anos, Bruna passou por todas as áreas da empresa, o que trouxe muito conhecimento sobre as necessidades do mercado brasileiro de transporte de cargas e logística e, principalmente, sobre gerenciamento de riscos e seus desafios.
Assim, com o desejo de tornar o segmento mais forte e contribuir com a organização do setor para um mercado mais equilibrado e justo, Bruna passou a parte da GRISTEC, como Diretora de Gerenciamento de Riscos.
Em 2021, foi eleita presidente da entidade, reafirmando o compromisso com a melhoria contínua do setor como um todo, sempre com foco em contribuir para o desenvolvimento e segurança de nosso país.